No Ensino Médio, Cecília Jensen era uma estudante do Santo Ivo com angústias similares a de outras pessoas da sua idade. Não sabia ao certo que carreira seguir, tinha problemas de relacionamento com colegas e dificuldade em reconhecer as suas próprias habilidades. Com o tempo, muita conversa, reflexão e autoconhecimento, ela se encontrou e percebeu quais eram os seus limites e quais eram meras barreiras que precisava ultrapassar.
Hoje, aos 23 anos, Cecília toca a sua própria empresa, o bem-sucedido e-commerce de quadros personalizados Atelier da Cissa, e está em seu último ano do curso de Publicidade e Propaganda.
Na entrevista a seguir, ela fala sobre os desafios práticos e emocionais que enfrentou e conquistas que obteve em sua trajetória até aqui.
Como foi a sua história no Santo Ivo?
Entrei no Santo Ivo em 2010, na 1ª série do Ensino Médio, e a pessoa que mais me marcou na escola foi a Kelly, nossa Orientadora Educacional. Posso dizer que ela era meu anjo da guarda!
Quando estava na 2ª série, tive problemas com colegas e, desde o primeiro dia em que resolvi compartilhar com as pessoas e assumi o trauma que estava sofrendo, ela foi a primeira a me acolher. Por mais difícil que fosse essa época, todo dia de manhã ela me esperava no primeiro degrau da escada, com o braço estendido, pronta para enfrentar essa batalha junto comigo. Nossa conexão sempre foi muito forte, ela entendia exatamente a angústia que sentia e fazia de tudo para tornar o ambiente cada vez mais agradável para mim. Graças a ela e a todos os ensinamentos dos professores, que foram muito além das matérias propriamente ditas, fui descobrindo dentro de mim uma força enorme para lutar por aquilo que era certo. Tanto ela quanto o corpo docente foram essenciais para eu ter me tornado essa pessoa inquieta, que não se contenta com o mínimo e está sempre em busca de levar o bem a quem estiver perto.
Serei grata ao Santo Ivo eternamente. Não consigo imaginar uma melhor escola para lidar com todos os problemas que tive. Saí do Santo Ivo com uma bagagem acadêmica e emocional que hoje em dia fazem com que eu me destaque em diversas situações que uma pessoa da minha idade pode acabar tendo.
Você se lembra de algum fato pitoresco de sua época de estudante?
A 3ª série do Ensino Médio foi uma época muito alegre para todos. Lembro que, uma vez por mês, tínhamos autonomia para escolher um tema de vestimenta que todos os alunos do último ano seguiam à risca. Era sempre uma delícia assistir a aula e ver ao seu lado uma pessoa de pijama, por exemplo. Os professores entravam na brincadeira e a aula era muito dinâmica! Foi um ano cheio de incertezas por conta do vestibular, mas, em contrapartida, um período cheio de momentos engraçados que vou levar para o resto da vida!
A educação recebida no Santo Ivo foi importante para a sua formação?
Extremamente importante, tanto a formação acadêmica quanto a formação emocional. Muitas vezes, saímos do Ensino Médio sem saber direito o que fazer, qual curso escolher e, durante os três anos que passei no Santo Ivo, fui entendendo que muito mais importante do que escolher uma profissão assim que saísse da escola, era me conhecer emocionalmente em primeiro lugar, para entender os meus pontos positivos e os pontos que precisava trabalhar.
Conte um pouco sobre a sua vida pós-Santo Ivo.
Após a minha formatura no Santo Ivo, não tinha sequer um norte para qual área iria prestar. Foi aí que surgiu a oportunidade de morar em Londres durante três meses. A experiência foi muito importante para mim. Morei sozinha em um apartamento e percebi o que, realmente, era ser adulta. Foi um desses momentos em que percebemos quais são os nossos limites e quais são meras barreiras que precisamos ultrapassar.
Depois desse período na Inglaterra, voltei extremamente focada na faculdade. Na época, optei por prestar Psicologia, estudei o máximo que pude e passei na universidade que queria. Mas, mesmo já tendo um conhecimento razoavelmente bom de mim mesma, depois de dois anos de curso decidi trocar. Voltei para o cursinho e acabei indo para a Publicidade e Propaganda, curso no qual me formo este ano.
Além disso, durante todo o ano passado, fiz parte da ONG Bem Gasto como Diretora de Marketing. Foi uma experiência incrível conhecer uma ONG que foca 100% na educação financeira de crianças, jovens e adultos.
Como você descreveria o mercado de trabalho na sua profissão?
O mercado de trabalho para profissionais da comunicação é muito amplo. Você consegue atuar em diversos segmentos. O profissional da comunicação necessariamente precisa ser uma pessoa curiosa por absolutamente tudo, desde a novela que passa na TV até o discurso do presidente dos EUA. Ele precisa ser uma pessoa 100% completa em todos os tipos de conhecimento, o que acaba sendo um ponto muito forte, pois você tem uma autonomia gigante para migrar de uma área para outra.
Há mais de dois anos, você criou o Atelier da Cissa. O que é, como surgiu a ideia de criá-lo e qual a sua participação no negócio?
O Atelier da Cissa começou em janeiro de 2016. Estava sentada no sofá ao lado da minha mãe, conversando sobre como iria aprimorar meu currículo. Foi nesse bate-papo que vi a importância de dominar programas de edição e criação de imagens para o profissional de comunicação. A partir da minha curiosidade em relação a eles que o Atelier da Cissa nasceu. Queria aprender a dominar os softwares, mas me recusava a pagar caríssimo em um curso que eu sabia que iria me ensinar apenas o básico do básico. Eu queria realmente aprender todas as funcionalidades que eles poderiam me proporcionar e não simplesmente ganhar um certificado para inserir no meu currículo. Foi nessa lógica que cheguei à conclusão: quero aprender a mexer, mas quero começar a ganhar meu próprio dinheiro.
Durante a mesma conversa com a minha mãe, criei um Instagram com o nome da loja e foquei em ilustrações digitais que iria vender em forma de quadros, todas 100% autorais e personalizáveis. Nos primeiros meses, a loja não possuía um site, imprimia as artes em uma gráfica perto de casa, era tudo muito pequeno. Eu não queria investir dinheiro, sem ter certeza de que aquilo poderia ser um caminho a se seguir (mesmo que temporário).
Porém, como a demanda foi aumentando, vi que precisava dominar outra área também, a de programação. E foi assim que a loja nasceu. A cada pedido novo, eu me via em um novo desafio: descobrir quais ferramentas dentro dos programas iriam me ajudar na criação daquele material. Eu passava, literalmente, a madrugada inteira vendo vídeos na internet, aprendendo a mexer nas ferramentas e, 24 horas depois que a cliente tinha solicitado uma arte personalizada, ela estava pronta e ficava cada vez mais especialista neles.
Foi durante essa época que decidi investir meu dinheiro em uma impressora que fosse realmente muito boa e, graças ao meu avô (brinco que ele foi meu investidor anjo), consegui comprar o aparelho. Daí em diante, a loja passou a crescer cada vez mais e eu passei a usar todo o meu conhecimento que ia adquirindo na faculdade na loja. Via toda a parte teórica da graduação fazendo sentindo em algo que eu colocava minhas energias. Era realmente gratificante e quase mágico!
Qual o momento atual da empresa?
Hoje, quase dois anos e meio depois, a loja não para de crescer. Neste ano, ela bateu seu recorde de crescimento: mais de 300% em quatro meses! Decidi me dedicar integralmente a ela e não focar em estágios. Sempre soube que teria que escolher entre um e outro. E, por mais que às vezes sinta uma pressão enorme para que a loja continue dando frutos maravilhosos, faço questão de olhar a primeira foto que publiquei no Instagram da empresa e lembrar do caminho que percorri com ela e de todo o meu amadurecimento profissional e emocional para saber lidar com os diversos obstáculos que surgiram e irão surgir.
Vejo a loja como um filho, que nasceu, cresceu e hoje caminha sozinha. É incrível imaginar que quase 50 mil pessoas seguem o perfil da loja no Instagram. Sinto uma responsabilidade enorme de sempre fazer o melhor do melhor. Não poderia estar mais satisfeita com o Atelier, tenho muitos planos incríveis para o futuro desenvolvimento da loja e não vejo a hora de compartilhar com todos!
Hoje, a empresa possui um endereço comercial onde atendo os clientes que marcam hora para solicitar um orçamento para determinado ambiente e funcionários que ficam responsáveis pela produção dos quadros. Atualmente, estou mais focada na área administrativa e de novos horizontes da marca.
Quais as principais dificuldades que têm enfrentado na trajetória deste e-commerce e as maiores satisfações?
Ter um e-commerce aparentemente se mostra como uma forma muito fácil de criar uma empresa, porém são poucas as pessoas que realmente conseguem seguir adiante e alavancar o negócio. Você precisa entender qual o seu público, localizar a necessidade dele antes mesmo que ele saiba que ela exista. O empreendedor precisa ter a consciência de que, no começo, você pagará para trabalhar, mas que, com o tempo, você passa a colher os frutos do seu investimento.
Cecília Jensen, durante o #InstaMarket
Graças ao crescimento e qualidade dos nossos produtos e do nosso atendimento, o próprio Instagram entrou em contato no início do ano passado, para que a minha marca participasse de um projeto super inovador na época: o #InstaMarket. A ideia era apresentar novos e jovens empreendedores ao mundo profissional, por meio de uma feira 100% patrocinada por eles. Participaram em torno de 30 marcas escolhidas a dedo pelo Instagram. Hoje, #InstaMarket já possui edições na França e em outros países. Além disso, após a primeira edição, fui convidada a ser embaixadora do #InstaMarket no Brasil. Certamente, foi um dos pontos mais altos que cheguei com a loja até aqui. É realmente gratificante participar de um projeto que investe na nova geração.
Como enxerga a empresa para os próximos anos? Quais os principais objetivos?
Tenho muitos planos para o Atelier. Neste momento, estamos expandido a loja para outros artigos de decoração. O estudo dos artigos começou no meio do ano passado e só está indo ao ar no site agora, tudo por conta de todo um estudo que fiz em relação ao meu público, para entender suas principais necessidades, encontrar a melhor forma de fazer essa expansão sem que os clientes estranhassem, por exemplo. Tenho um plano muito bem traçado para os próximos anos de vida do Atelier, mas também sei que preciso ter calma para colocar cada um deles em prática, já que vivemos em uma sociedade que vive em uma constante e extremamente rápida transformação. A grande estratégia do Atelier agora é de tentar prever ao máximo as próximas possíveis transformações e se ajustar a elas sem perder o reconhecimento que a marca ganhou ao longo destes dois anos e meio.
Atelier da Cissa:
https://www.atelierdacissa.com.br/
https://www.instagram.com/atelierdacissa/
www.facebook.com/atelierdacissa
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Colégio Santo Ivo 
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